Uma semana depois de registrar o primeiro recém-nascido com anticorpos contra a covid-19, mais uma criança baiana vem ao mundo imune ao coronavírus, desta vez em Vitória da Conquista, no sudoeste do estado, e com uma diferença: a mãe não foi imunizada, mas teve a doença dois meses antes de engravidar. Pietro Kevin Brito nasceu no dia 24 de maio com poucas chances de ser afetado pela transmissão do coronavírus por receber a imunidade através da transferência placentária durante a gestação.
Sua mãe, Glece Quelle Brito, 25 anos, é auxiliar de farmácia de UTI em um hospital e pegou covid-19 dois meses antes de engravidar. Sem sintomas mais graves, ela se curou através da produção de anticorpos e parece estar com eles até agora, o que possibilitou que Pietro viesse ao mundo imune, como ela explica. “No fim da gestação, eu fiz esse exame de anticorpos total e vi que tava com imunidade ainda, o que dava indício de que passaria o anticorpo para ele. Depois, fizemos nele e também deu positivo para o IgG contra a covid”, relata.
Anticorpo persistente
Para quem pode estranhar a presença tardia do IgG no organismo de Glece e a sua transferência para Pietro, o caso é sim possível. É o que garante Matheus Todt, infectologista da S.O.S Vida. Ele afirmou que o comum é que a imunidade permaneça por menos tempo, mas que isso não impossibilita situações em que o anticorpo seja produzido e permaneça por até 12 meses.
“O IgG é a linhagem de anticorpo mais tardia e que, no caso da covid-19, pode durar até um ano no organismo. Caso a mãe tenha tido contato com o vírus e desenvolvido esse anticorpo, o IgG pode passar pela barreira da placenta e chegar na criança porque, nesse caso, está dentro do tempo que se imagina que ele pode permanecer lá. Então, é possível sim”, diz Todt, que alerta que ainda sim é difícil saber o quanto isso representa de proteção para a criança.