Altos Papos

Novo Ensino Médio vai causar uma bomba de desigualdade, avalia pesquisadora

Em entrevista ao programa Altos Papos, nesta quarta-feira, 15, a professora e pesquisadora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), Maria Luiza Sussekind, afirmou que é preciso rediscutir o modelo do novo ensino médio já que ele se mostra, entre outros problemas, incapaz de minimizar a desigualdade educacional no Brasil.

“Eu tenho certeza que o modelo curricular de Ensino Médio que nós tínhamos, não era bom e tinha diversos problemas. O modelo do novo Ensino Médio é ruim e não se adequa à realidade nacional. No momento temos, pelo menos, 22 currículos diferentes em vigor no país e isso vai provocar uma bomba de desigualdade, quando nós temos um exame nacional único que garante o acesso ao Ensino Superior”, explica. 

Entre os problemas apontados pela pesquisadora está também a capacitação dos professores para lecionar as disciplinas incluídas na grade curricular. “Os professores não foram nem consultados, então, certamente não foram instruídos, nem capacitados para darem conta de uma reforma. Nós temos professores que são formados em referências e que agora têm que lidar com uma invenção que, para começar, não é nem tão nova assim”, aponta.

“Ao meu ver, o Novo Ensino Médio vulnerabiliza a escola pública, vulnerabiliza os professores, e dá uma formação para o estudante que é para colocá-lo diretamente no mercado de trabalho de baixa qualificação. Não é uma preparação, como se diz, para uma vida, para uma escolha, para uma sociedade democrática ou para o mundo do trabalho”, continuou.  

Nesta quarta-feira, 15, após a mobilização de entidades estudantis, em diversos municípios brasileiros, inclusive na Bahia, como Salvador e Feira de Santana, manifestações pela revogação do Novo Ensino Médio foram realizadas.  

“É urgente que o MEC pare de perder tempo e dinheiro investindo em uma unificação curricular que nós, pesquisadores da área, sabemos que não dá certo, e que não diminui o problema do sistema educacional. Na prática, para a comunidade escolar, esse projeto se apresenta como algo que não tem nada de novo. É uma proposta cuja legitimidade é questionada. Ao dividir ensino médio, de ensino fundamental e educação infantil, a gente fere o ordenamento jurídico legal da educação brasileira que prevê 12 anos de escolaridade básica. O novo modelo do ensino médio é um modelo ruim e que não se adequa à realidade nacional”, afirmou Sussekind.